Quem já acompanha o blog há algum tempo - ou nem tanto tempo assim - já está familiarizado com o "Conto Coletivo". Uma narrativa construída a partir de pequenos textos, postados por pessoas diferentes, que escrevem de formas diferentes e tem pensamentos diferentes. Cada um com o seu estilo e seu ponto de vista narrando uma mesma história, que é construída com a participação de todos.
Personagens e cenários são formados aos poucos, a partir da visão que cada um tem deles. Qualquer um pode participar sem se preocupar com o que os outros acharão, levando a história para onde bem entender. Acho que isso é o mais legal de tudo: todos tem liberdade para fazer o que bem entendem.
Os textos, em início, eram apresentados nos comentários do pots "Conto Coletivo?". Houve uma pequena mudança, e agora eles deverão ser postados nos comentários desta página. Fica muito mais simples, não?
Participe também dessa aventura! Será uma grande contribuição à todos nós que já escrevemos por aqui. Muito obrigado pela sua atenção, e não deixe de postar!
Aqui vão os textos já publicados...
POSTADO POR - Luke Mira - 9 de fevereiro de 2011
...uma tempestade. Não era nem um pouco impressionante uma tempestade chegar, com o inverno tão proximo e as nuvens escurecendo o belo céu.
Apesar de não desejar parar devido a importância de minha tarefa e tambem devido ao tempo que se esgotava, era necessário, afinal, eu ainda possuia alguns dias, e ficar doente atrasaria a viagem mais do que apenas uma noite.Procurei algum local no qual pudesse descansar sem me molhar - caso contrario, seria melhor seguir viajando - porem tardei a encontrar tal lugar. Após ja estar gripado de tanto vasculhar os campos - que estavam vazios e devastados após a guerra - acabei encontrando uma pequena caverna, em uma colina. Perfeito! Seria um local seguro para passar a noite, caso não existam animais grandes demais para eu matar. Porem, quando comecei a me aproximar da tal caverna, notei algo inesperado. Apesar de todas as vilas estarem devastadas, havia um doce odor vindo de dentro daquela caverna, era cheiro de...
...ervas de cura. Me aproximei furtivamente - eu realmente precisava de ervas de cura após tal chuva - porém, não foi o suficiente para não ser notado. Sem pensar, pego meu punhal e espero o ataque. Nada, nenhum movimento sequer, apenas um baixo grunhido. Novamente sigo até o local e pra minha surpresa, um elfo! Ao me aproximar, ele tenta, mas não consegue se afastar. Sem sentir nenhuma outra presença na caverna, logo noto que o perigo para ele, sou eu. Após dizer meu nome, digo que vim em paz e que apenas gostaria de um abrigo para fugir da chuva e se não fosse problema, um pouco de suas ervas. Sem pestanejar ele cede uma pequena quantidade de ervas - pouco, mas o suficiente para o que eu preciso - e divide o abrigo comigo. Com receio, mas curioso, queria saber o porque de um elfo estar tão longe de casa e profundamente ferido, perguntei. Ele conta que o reino onde mora, o enviou para uma missão simples, ele tinha apenas que recolher porções de vários tipos ervas, mas acabou se afastando muito do local indicado para a tarefa e acabou sendo atacado por um bando de...
...ladrões de almas.
Os ladões de almas fazem fortuna nestes tempos mais rápido que qualquer outra criatura. Depois da Grande Queda, o mercado de peles acabou se tornando um sinistro preposto de contrabandistas: alma de elfo, crianças humanas, coro de unicórnio, luz de fada... tudo é apenas mercadoria para aquelas criaturas. Os útimos anos tem sido assim. Só há trevas e desencantamento. Nenhum sistema de governo, nenhuma liderança, nenhuma religião. Apenas nós, uns poucos tolos, tentamos resguardar a luz que resta, sob a triste alcunha de "Benfeitores". Qual nada. O que posso benfazer em tempos tão sombrios? Nenhuma raça alia-se a outra. Nem mesmo entre os homens há esperança. O governo dos homens se foi há tempos, em tentativas divididas de instaurar qualquer tipo de Estado. Agora ninguém se importa. Eu temo estar no lugar errado do tempo. Não sou herói. O que posso estar fazendo em uma liga de bravos Benfeitores? Era o que o elfo me perguntava. Soube que seu nome é Belgriim. Me levou até sua vila e, por mais que a maldade tenha rondado os passos de minhas andanças, não pude acreditar no que vi...
... Era como se o próprio inferno estivesse sobre a terra. Gritos corriam as ruas do vilarejo; gritos de dor e de sofrimento, implorando por socorro e morte. Ninguém mais estava vivo, e eu duvidava de que até mesmo nós estivéssemos ainda. Um urro se sobressaiu sobre as demais vozes; era Belgriim, lamentando sua perda, chorando a desgraça de seu povo e jurando vingança.Mais tarde, quando já recuperados, achei que deveríamos conversar. Assim fizemos, por uma tarde toda. Nunca poderei compreender seu sentimento, mas, naquele momento, ele se sobrepunha sobre toda e qualquer influência externa. Tudo o que ele conhecia, e tudo o que ele mais amava foi destruído... Mercadores de almas. Malditos sejam todos eles! Jurando fidelidade à mim, Belgriim, o elfo, prometeu me seguir em minha missão. Ele já não tinha mais nenhum outro objetivo, a não ser a vingança. Qualquer um poderia sentir se instinto assassino a milhas de distância. De qualquer forma, creio que as chances de sucesso de eu completar minha missão com vida almentaram consideravelmente. Estávamos preparados. Já tinha-mos tudo o que nós precisava-mos; um motivo para seguir em frente. Afinal, estávamos seguindo para...
... Gargala. Um local terrível, onde ninguém mais ousava entrar. Infelizmente - ou talvez, eu não deva levar desse modo - fui designado para tal sacrifício pela própria sacerdotisa. Apenas três pessoas podiam vê-la: O Nobre Clérigo, o mestre da vila, e... O Cavaleiro Negro; o ser mais temido de todo o reino. Mesmo os ladrões de almas o temiam.. Ele vivia em nossa vila, porém, ninguém sabe onde. Ouvi rumores de que ele foi para Gargala. O Cavaleiro Negro é um desertor da tropa de elite do nosso reino, treinado pelos guerreiros mais fortes de todos os cinco grandes impérios. Minha missão é encontrá-lo e convence-lo de voltar, pois, sem ele, o reino se torna vulnerável a esse miseráveis ladrões de almas. Seguir em frente não seria problema, se não fossem as...
...Harpias, com suas terríveis garras, afiadas o suficiente para destroçar um mamute. Precisariamos de alguma espécie de armadura muito resitente para passar por elas sem sair feridos, tais quais que não tinhamos. As harpias ficavam entre a fronteira de Gargala e o Vale do Silêncio. Eu e Belgriim, decidimos ir até o Vale do Silêncio, onde ele ouviu rumores de haver sobreviventes. Nós caminhavamos e o tempo continuava escuro, porém, a chuva tinha ido embora, quando chegamos lá, fomos surpriêndidos por um saqueador que...
...se aproximou nos ameaçando com sua faca.
É quase que desnecessário dizer que foi vencido,apesar de ter nos causado um susto.
Nos aproveitamos da situação em que ele se encontrava - encurralado por um humano e um elfo - para ameaçar o ladrão e faze-lo nos conseguir informações.
-Se quiser continuar vivo, nos consiga uma armadura, ou pelo menos informação de aonde podemos conseguir uma!
O saqueador ficou desesperado, pensativo por um instante, e disse não possuir armaduras e nem saber aonde poderíamos consegui-las.
-As únicas vilas que não perderam seus ferreiros após a grande guerra devem estar a meses de viagem daqui!
Provavelmente era verdade, pensei, mas queria ver se conseguia algo, afinal, esse saqueador talvez tivesse algo que pudesse nos ajudar.
-Então morrerá, já que não nos dará nossa armadura.
Desesperado, quase em prantos, o saqueador gritou:
-Por favor, não me mate! Eu posso te dar meu manto eólico! Um manto de ventos, que pode te tornar invisível, foi ele que usei pra me aproximar de vocês!
Um manto eólico? Não era uma armadura. Ainda seriamos ouvidos, ainda poderíamos ser mortos, mas tínhamos alguma chance. Talvez. Pegamos o manto do ladrão e o libertamos. Seguimos para o Vale do Silêncio e já o enxergávamos ao longe e eu começava a entender porque ele recebera esse nome, quando eu entendi que havíamos cometido um grande erro. Havíamos deixado o ladrão com vida, contando que não voltaria por honra ou medo. Era o tipo de erro que todos em minha vila disseram que eu iria cometer. Passei tempo demais ouvindo que uma mulher é condescende quando precisa ser forte. Mas que droga, tinha conquistado o punhal com minhas mãos e agora... Agora não havia feito o que era preciso. Não havia mais honra naquelas terras, e agora que nosso amigo retornou, não estava tão inofensivo.
Belgriim caminhava ao meu lado esperando pela resposta a sua pergunta: meu nome. Eu pensava se deveria responder, de acordo com o estatuto dos Benfeitores. Nisso, o elfo parou e examinou cada item natural ao redor. As pedras, os galhos, as flores, as nuvens, a umidade do ar. Tudo parecia depor para aquela criatura. Sem aviso, girou rapidamente sobre os calcanhares ao mesmo tempo em que sacava a pequena faca sob a capa. Um arremesso certeiro encontrou o centro da testa daquele saqueador, um perigo que eu mesma já pressentia. Aquele não era um mero saqueador, era um contrabandista de almas e agora seu grupo cercava a clareira em que nos encontrávamos. Havia no cerco ao menos quarenta homens. Eu contava com o meu punhal, a capa eólica e a ajuda daquele novo amigo. Fácil tarefa. Ganhei o respeito do Corpo dos Benfeitores conquistando missões de maior envergadura. Um quarto de hora e centenas de golpes depois, os inimigos foram abatidos. Belgriim olhou nos meus olhos com aquela calma élfica: “nada mal para uma fêmea de sua espécie”. Apenas sorri. Entre os meus já havia sido comum aquele tipo de afirmação. Não fiquei surpresa. Após uma pequena caminhada em direção ao vilarejo, encontramos o acampamento daqueles contrabandistas. O elfo parou bruscamente e soltou um urro que jamais compreendi como poderia ter sido formado em sua garganta, pois a intensidade do tom era greve como um urro sob uma caverna. Meu companheiro de caminhada disparou em direção a uma das carroças. Um homem muito grande – que provavelmente estivera incumbido de vigiar o acampamento – tombou tão rápido sob a lâmina do elfo que mal pude perceber o golpe. Belgriim saltou para dentro da carroça e trouxe de lá um baú. “O que é isso”, perguntei-lhe. “Eu sinto que neste baú estão guardadas as almas de todos os meus parentes que habitavam a Vila do Sul, minha vila”, respondeu. “O que está esperando? Abra”. “Não sei se terei coragem”. Era a primeira vez que via Belgriim mostrar algum tipo de emoção. Nem mesmo o massacre de sua vila o intimidara daquela forma. Belgriim, não temia a morte. Contou-me que para os elfos a transitoriedade desse corpo vivo não é o mesmo que o fim da vida élfica. Depois da morte, segundo suas crenças, os elfos retornam à Grande Casa para serem refundidos à natureza. Agora ele estava ali, prestes a libertar as almas de seus parentes – mais rápido do que previra em seu juramento – e mal tinha forças para destrancar a caixa a sua frente. Talvez achasse que responsável pelo envio das almas à Grande Casa era o mesmo que ser responsável por suas mortes. Sem nada lhe perguntar, golpeei a tranca da arca. O choque despertou-o de um transe e, por puro reflexo, pulou sobre mim com a faca em punho. Defendi seu golpe sem machucá-lo, pois, para mim, seria fácil fazê-lo. Subitamente o baú começou a brilhar e pelo menos duas centenas de pequenas luzes começaram a flutuar ao redor da campina. Cada luz se infiltrava em outro elemento natural. Preenchiam plantas, folhas, minas d’água, vapores, terra. E todos os corpos preenchidos brilhavam por alguns segundos. “então é isso que acontece quando morremos?”, perguntou-se o elfo. Olhei para ele compadecida: “Belgriim... Solipseia”. “O que você disse?”, perguntou. “Esse é meu nome: Solipseia”. “É um belo nome para uma brava. Irei com você a qualquer lugar”. Belgriim, pelo que se sabia, era o último elfo vivo em nosso mundo. Outros como ele seriam encontrados apenas no hemisfério norte. Para encontrá-los seria necessário caminhar uma centena de centenas de léguas. Não faríamos isso. Os Benfeitores devem caminhar em seus caminhos e devem caminhar solitários, essa era a lei desde a Grande Queda. Mas entendi naquele instante a dor de Belgriim e não podia deixá-lo ir ou abandoná-lo à sorte. Para não abrir mão daquele habilidoso e competente companheiro e não contrariar o Corpo dos Benfeitores, declarei-o meu prisioneiro, sob a acusação de ataque pessoal. Como não usei correntes ou qualquer artifício para prendê-lo, o esperto Belgriim compreendeu imediatamente minha estratégia e me fez uma reverência.
Nossos caminhos seriam um só. Eu teria um aliado, mas seria um acordo sem palavras. Assim começamos nossa caminhada: não falamos uma palavra sobre isso. Belgriim, solitário em um mundo de caos, passou a me seguir em uma busca que, creio, não serei capaz de finalizar.
Talvez devessemos ir até o hemisfério norte, e então pedir ajuda de alguns elfos, mas perderiamos muito tempo, pois estávamos a centenas de leguás de lá. Continuamos caminhando então, chegamos ao sombrio vale do silêncio, ao entrarmos, percebi que Belgriim, ia falar algo, rapidamente, tapei sua boca com minha mão, e fiz um sinal com minha mão para fazer silêncio. No Vale do Silêncio, se você fala qualquer coisa, a força das naturezas te pegam, e ninguem teria mais notícias sobre você, não queria que isso acontece-se a nós, muito menos, a nossa missão. Foi quando tive minha idéia, fazer um pequeno arco para Belgriim, ajudaria-nos muito, uma defesa, um arma! Então começamos a procurar,em silêncio, madeiras fexiveís, e um cipó forte e firme, peguei meu punhal e comecei a moldar o tronco. Em algumas horas, nós obtemos o arco, e em poucos minutos, um pouco de flecha, caminhamos então, e achamos um grupo de ladrões de almas, rapidamente nos cobrimos com o manto eólico e então...